domingo, 9 de janeiro de 2011

Toda ex-criança tem...

Nunca fui uma criança muito quieta, desde que nasce fiz travessuras, no parto minha mãe conta que só foi Cesário porque eu estava virado pro lado contrário.

Os melhores momentos foram com primos brincando de tudo que “desse na telha”, como pegar um carro, uma Combi com carroceria, abrir todos os lados para formar um palco e ficarem horas nos imaginando nos maiores palcos, (uma coisa gostosa de crianças, elas transformam pequenas coisas em imensas dimensões) mesmo que ali só estivesse nossa Vovó para nos assistir, aquela pessoa valia os milhões de espectadores que acreditávamos.

As brigas sempre são constantes entre as crianças, mesmo as minhas não sendo tão normais, foram ótimas experiências, como uma vez que um primo entregou a mim e minha prima, pois tínhamos feito mais uma travessura, mas não me lembro nesse momento o que foi, mas lembro bem o que fizemos com ele, o amarramos numa árvore em frente à casa de vó e batemos com corda, depois daquilo nem gosto de lembrar a surra que levamos, uma das únicas, pois sempre nem chegávamos a apanhar, minha vó entrava na frente e nos defendia, sempre ela entrando no meio da história, na verdade acho que ela sempre esteve presente.

Como falar da infância sem lembrar-se das viagens a casa da bisa, tudo ali naquele local me lembra uma das pessoas que mais sofro por não estar mais comigo, meu bisavô, aquele vovô bem estereótipo, branco que só ele, além da pele, o cabelo claro, lembro de todas as vezes que ele veio a Petrolina buscar a mim e Sheila para passarmos as férias com eles, uma das coisas engraçadas é que toda a família da parte deles é branca, aí ficávamos como os pretinhos do vovô, mas isso nuca fez diferença, só um apelido carinhoso. Na casa deles, tudo era diferente, acordávamos bem cedo, podíamos colher uma espécie de feijão que tinha no muro de vó do qual adorávamos o sabor, íamos à feira, de onde ainda me lembro o sabor da Maria-mole que pode ser considerada o doce da minha infância, na mesma feira vendia as baladeiras, mas não precisava comprá-las, pois adorava as que meu bisavô fazia pra mim, sempre voltava de lá com um monte, ele que me ensinou a usar. Logo depois da praça tinha o bar de nosso tio-avô, mais o chamava apenas de tio Zé, sempre que íamos pedir a benção ele nos dava um doce da vitrine, aí já podem imaginar quantas e quantas vezes pedíamos a benção ao dia (risos), logo ele teve um acidente, ficou usando cadeira de rodas, naquela época não associei bem o porquê de ver meu Tio Zé daquele jeito. Outro local perto da casa da bisa era a PISTA a qual até hoje não atravesso a pé pelos conselhos e amedrontes de minha bisa. Além dos meus bisavôs, na casa morava a figura mais carinhosa da minha história, Tia Nininha, como eram aconchegantes aqueles abraços, um detalhe é que ela tem uma pequena deficiência na perna e por isso caminha torto, aí não adiantava nos ameaçar de surra já que corríamos, mas quando vô chegava a coisa mudava de sentido, não consigo lembrar sem vim o peso das emoções. O lugar de mais diversão era o riacho, mesmo morando ao lado do grande Rio São Francisco, aquele riacho era uma coisa ótima, se deixassem passávamos o dia nos banhando. Daquele lugar pretendo guardar apenas as coisas alegres, os tantos são joãos com os fogos, a felicidade de sentir que mesmo não estando mais lá, sei que sempre posso voltar e sentir a deliciosa saudade vendo o trem de ferro passar e correr atrás dele como quem quer alcançar o infinito.

Adriano Alves

02/12/2010

2 comentários:

  1. AMEII ADRIANO!

    Impossivel ler e não lembrar também da minha infância e dos meus bisavós que eu TANTO AMO.

    Que lembranças deliciosas você tem. Eu tava dizendo a minha mãe esses dias: COMO EU ME ARREPENDO DE TER PEDIDO A DEUS QUE EU CRESCESSE LOGO. SE EU PUDESSE VOLTAVA A SER CRIANÇA E CONGELAVA.

    Lindo mesmo. ADOREI! ;)

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  2. ôh saudades de tuh Maisa

    Xero

    Adriano A.

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